Cachoeira do Bicame: uma jóia da porção oeste do Espinhaço

Bicame: bela, mesmo no período de pouca água

A Cachoeira do Bicame localiza-se na área da RPPN Ermos das Gerais, distante a aproximadamente 15 km do arraial da Lapinha, município de Santana do Riacho, localidade encravada na Serra do Espinhaço, região central de Minas Gerais.

Formada pelas águas do Rio de Pedras, a Cachoeira do Bicame possui um par de quedas com aproximadamente 25 metros de altura. Resultam em um belíssimo poço de águas acobreadas, profundo em alguns pontos, e convidativo para bons mergulhos. Além disso, a leve curvatura do paredão da cachoeira e a presença de rochas permitem ao visitante um passeio parcial atrás da queda d'água

Possuindo nos seus arredores antigos vestígios da atividade garimpeira, a Cachoeira do Bicame permite acesso à sua parte alta (vide atualização abaixo). Apesar do lugar não oferecer poços propícios para banhos, permite visual superior das quedas, além de acesso ao encachoeirado Rio de Pedras, formando um belo e colorido conjunto.

Atualização Março 2021: Segundo alerta a Adm da RPPN não é permitido acesso à parte superior da Cachoeira do Bicame. Muito embora o termo "permitir" empregado no texto acima se referir à possibilidade natural de acesso a algum lugar, no caso pode ser confundido com permissão, principalmente aos não familiarizados ao Montanhismo. Ademais, este relato se trata de uma visita realizada no ano de 2013, ocasião em que em nenhum momento a RPPN nos informou a respeito dessa proibição em específico. Doravante estejamos cientes!

Atualização Outubro 2020: A partir desse período o acesso à Cachoeira do Bicame será cobrado, com valores variando entre R$30,00 e R$55,00 conforme os dias da semana. Para saber sobre valores atualizados antes de visitar o lugar faça contato no Atendimento WhatsApp da Bicame: 31 98966-1479.

Relato

Típicas formações do Espinhaço

Recebi um convite na antevéspera para fazer um bate e volta à Cachoeira do Bicame no sábado, dia 28 de setembro. Convite aceito e chegado o dia, me juntei à Sol, Eunice e ao Alessandro e partimos para o lugar.

Deixamos BH por volta de 7h00 e rumamos para Santana do Riacho. Depois de percorrer aproximadamente 9 dos 12 km que separam esta cidade do arraial da Lapinha, chegamos ao local conhecido como "cotovelo". Ao invés de seguirmos para o arraial, tomamos o sentido norte da estradinha de terra, sentido Bicame e Soberbo.

Percorremos cerca de 4 km desta estradinha, e atingimos os arredores de uma casa aparentemente fechada. No lugar há uma primeira porteira de madeira. Trata-se do conhecido "Pé de Manga". Por lá o veículo ficou estacionado e dali em diante foi a vez de botar o pé na estrada.

Ermos das Gerais

Sob céu claro e sol forte, por volta de 10h00 cruzamos a primeira porteira e iniciamos a caminhada por uma estrada vicinal, onde somente veículos 4 x 4 é capaz de vencer. Passamos por um rego d'água e fomos margeando uma cerca de arame, tendo à frente pequeno aclive. Adiante, ultrapassamos uma segunda porteira, adentrando em área da Fazenda Cachoeira.

Trecho de inclinação suave. Tínhamos ao nosso lado leste os paredões da Serra do Breu. Logo a estradinha piorou e adentramos por um curto trecho ladeado por afloramentos rochosos, inclinadas para o lado oeste, como é tradição no Espinhaço. O conjunto de rochas lembrava ao longe uma cidade de pedras... 

Região da sede da Ermos Gerais: Bicame fica além daquele morro...

Percorremos mais um curto trecho em suave aclive e nos aproximamos de mais uma porteira. A partir dali, entrávamos em área pertencente ao Condomínio Brumas do Espinhaço, proprietário das terras onde se encontra a RPPN Ermos das Gerais.

Até esse ponto pode-se chegar em automóveis 4 x 4. Naquele dia, quatro veículos estavam por lá. Esses veículos haviam nos ultrapassado ao longo da estradinha. Logo nos misturamos a alguns turistas que também seguiriam para a Bicame...

A partir daí novo e curto trecho em aclive, para logo depois percorrermos uma trecho em declive, aproximando-nos da Casa de Controle da RPPN Ermos das Gerais.

Aproximando da região da Bicame

Fomos até o local, deixamos nossos registros no Livro de Controle, conversamos um pouco com o caseiro, coletamos água e pé na estradinha. Cruzamos nova porteira, passamos por uma ponte de cimento e seguimos sentido sede da Fazenda.

Ao nos aproximarmos, há uma placa indicativa da Cachoeira do Bicame, partindo por uma trilha à nossa esquerda. Adeus estradinha, agora somente trilha.

Nesse ponto, Eunice e Alessandro haviam disparado, modos que eu e a Sol ficamos para trás, culpa das paradas para registros... Caminhamos por um grande platô e demos uma guinada sentido nordeste, tendo à nossa direita um grande paredão.

Bicame vista desde o Mirante

Aproximando da Bicame

Vencido o platô e ultrapassada a fila de turistas, iniciamos uma leve descida, contornando o grande paredão. Chegou então o grande momento: a tradicional visão da Cachoeira do Bicame, majestosa ao fundo do vale, à nossa direita; além dos meandros do Rio das Pedras. Parada para registros e contemplação.

Desse mirante, também é possível observar o sentido da trilha para a região do Poço do Soberbo, com vistas do cânion adiante; além do lado sudeste, sentido da trilha da Travessia Lapinha a Tabuleiro pela Rota Norte Via Transamante. Também é possível observar em janelas, as terras no vale além das bordas oeste da Serra do Espinhaço.

Depois da parada percorremos o curto trecho da trilha até a Bicame, aonde chegamos por volta de 12h00. Fazia bastante calor e o sol castigava. Tratei logo de fazer uma boquinha, pois estava faminto.

Logo cada um de nós tomou um rumo na cachoeira. Fui logo visitar a parte alta. Não possui grandes poços: trata-se de um trecho com pequenas corredeiras, com alguns pontos onde se pode banhar, como alguns panelões.

Fiz hora por lá, observei vestígios de garimpo, inclusive uma grande barreira de rocha certamente empregada para desviar o curso d'água. Constatei várias pegadas e fezes de animais às margens do rio, o que é uma boa notícia. Fui até a cabeceira da queda, de onde se tem belo visual do poção lá embaixo, além dos arredores e da trilha que segue para a região do Complexo do Rubinho e do Soberbo.

Parte superior da Bicame

Já na parte baixa da cachoeira tempo para aproveitar a queda d'água. O poção da cachoeira realmente impressiona! Porém, logo demos conta de que se aproximava a hora do retorno, pois planejávamos forrar o estômago na Lapinha.

Uma das quedas antes da caída principal da Bicame

Passava das 14h20 quando deixamos a Bicame, que estava com cerca de uma dúzia de visitantes. Pé na trilha, viemos rapidamente pelo mesmo caminho da ida. Ao passarmos pelo ponto de controle da RPPN Ermos das Gerais não havia ninguém por lá, apenas os cachorros, que fizeram um estardalhaço danado. Compreendi que são estratégicos eheh...

Deixada a área da RPPN, ao adentrarmos na área dos afloramentos, Eunice e Alessandro dispararam na frente. Sol ficou para trás, pois sua bota não estava lhe dando sossego... Segui fazendo a ligação... Nesse ritmo, por volta de 16h30 chegamos ao local onde o carro estava estacionado.

Falando em botas que machucam os pés, tivemos um episódio curioso já na parte final da trilha: Sol simplesmente abandonou seu par de botas seminovo... E não é que a bota foi encontrada por um conhecido? Tivemos notícias desse fato pitoresco dias depois... E nem assim a Sol aceitou a bota de volta eheh... 

Vista superior

Devido ao adiantado da hora, abandonamos a ideia do almoço e da ida no Arraial da Lapinha. Rapidamente tomamos o sentido de Santana do Riacho, aonde passamos non stop. Agora na estrada asfaltada, rapidamente chegamos no distrito da Serra do Cipó. Era em torno de 17h30, e aproveitamos o tempo disponível para forrar o estômago!

Proseamos bastante e de barriga cheia, tomamos novamente a MG 10 com destino à BH. Pontualmente às 21h00 botei os pés casa adentro, satisfeito com a pernadinha... Ao finalizar, agradeço à Sol pelo convite; À Eunice pela carona e ao Alessandro pela paciência. Obrigado pela agradável companhia!

Serviço

Tomando uma ducha na Bicame - Foto: Sol Mattos

Espetacular cachoeira da microrregião da Serra do Cipó, a Bicame localiza-se na RPPN Ermos das Gerais, distante aproximadamente 15 km do arraial da Lapinha, no município de Santana do Riacho, Minas Gerais, Brasil.

Possui uma queda de aproximadamente 25 metros de altura, que no período de seca torna-se dupla, ao contrário do período chuvoso, em que o volume de água aumenta consideravelmente, formando queda única.

Seu poço é amplo e profundo em alguns pontos, permitindo bom proveito. A queda é maravilhosa e possibilita tomar uma boa ducha na grande queda.

Por se localizar dentro de uma RPPN, há ponto de controle na entrada da reserva, onde o visitante deverá se identificar. Pelo que observei no Livro de Registro, a entrada é limitada a 30 visitantes por dia.

Poção da Bicame

Não é permitido acampar ou pernoitar na área da RPPN. Por isso, aqueles que desejarem visitar o lugar devem se preparar para uma caminhada de aproximadamente 10 km ida - 10 km retorno, se estiver em carro de passeio.

Em veículo 4 x 4 a caminhada será de aproximadamente 5 km ida - 5 km retorno.

Agora se estiver à pé no arraial da Lapinha se prepare para 15 km ida, 15 km de retorno; uma senhora pernada!

Porém a caminhada é agradável, com pequenos aclives e declives e não apresenta dificuldades para navegação.

Distâncias


BH a Santana do Riacho: 120 km aproximadamente
Santana do Riacho ao Cotovelo (bifurcação para a Lapinha): aprox. 9 km por estrada de chão
Cotovelo à Bicame: 12 km aproximadamente (misto de estradinha e trilha)

Como chegar - cidade referência: Belo Horizonte


De ônibus:
Viação Saritur até Santana do Riacho → Táxi ou à pé até Região da Fazenda Virgulino - Pé de Manga → Seguir à pé até Sede da RPPN e depois até à Cachoeira.

► O tal Pé de Manga fica a aproximadamente 2 km adiante do Cotovelo
► Confira horários e frequências na empresa de ônibus.

De carro:
Rodovia MG 10 até Serra do Cipó → Acesso à Santana do Riacho → Estrada de Terra para Lapinha até o Cotovelo → Estrada de Terra até Região da Fazenda Virgulino - Pé de Manga → Seguir à pé até Sede da RPPN e depois até à Cachoeira

► Em veículo 4 x 4 é possível chegar até a entrada da RPPN Ermos dos Gerais.

Considerações Finais


► A área onde está a Cachoeira do Bicame é uma RPPN, portanto uma área de conservação da iniciativa privada. Então está sujeita às regras do proprietário! Por isso, é importante que nós visitantes respeitemos as regras do lugar.

► A visitação à RPPN é (era - leia abaixo) gratuita.
Atualização Outubro 2020: A partir desse período o acesso à Cachoeira do Bicame será cobrado, com valores variando entre R$30,00 e R$55,00 conforme os dias da semana. Para saber sobre valores atualizados antes de visitar o lugar faça contato no Atendimento WhatsApp da Bicame: 31 98966-1479. 

► Não se cruzam riachos para ir à cachoeira, portanto mesmo em época de chuva é possível visitá-la. Mas sob essas condições é comum a administração do lugar restringir o acesso.

► Vá abastecido de água para essa caminhada; em especial se estiver de veículo de passeio. Não há boa fonte de água pelo trajeto a partir do "Pé de Manga". Próximo ao Pé de Manga há um fio de água, mas é ruim. Um pouco adiante, caso esteja sem água é possível se deslocar pelo campo à direita e descer até o córrego e abastecer. No posto de controle da RPPN há água. Abasteça.

► Para ir à Bicame é fundamental que saia cedo de casa; pois há limitação do número de visitantes diários; além disso há a concorrência com ciclistas, que levam vantagem na rapidez na circulação.

► Tanto a estradinha, quanto a trilha são bem marcadas e a possibilidade de erro é praticamente nula.

► A estrada de terra entre Santana do Riacho e Lapinha está em bom estado, mas é estreita e cheia de curvas. Há bastante movimento de turistas, que nem sempre estão acostumados a guiar em estradas desse tipo. Portanto, seja cauteloso ao circular para não se ter sustos! 

► Atualização: Nov 2017: A área livre próxima ao conhecido Pé de Manga e que era costume se estacionar veículos foi restringida. Logo poderá não mais ser possível estacionar por ali. A sugestão é seguir um pouco mais adiante e estacionar próximo ao Posto de Controle do Acesso ao Poço do Soberbo, junto à porteira da Fazenda Cachoeira. 

► Carta Topográfica: Baldim

Bons ventos!

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